quinta-feira, 18 de julho de 2019

Nem fundação, nem emancipação política. Saiba o que Itapecuru comemora 21 de Julho.



Durante os anos foi-se construindo uma narrativa equivocada sobre a história do município de Itapecuru Mirim. A ponto de exaltarmos, datas, fatos, locais e acontecimentos que não deveriam ter tal importância.
Com a criação da Academia Itapecuruense de Ciência, Letras e Artes (AICLA) em 2015, parte deste nossa história tem sido reescrita com base em pesquisas científicas que apresentam documentos comprobatórios daquilo que realmente merece destaque.
A fundação do povoamento que em finais do século XVII e início do XVIII serviu de entreposto para o comércio de gado vindo do Piauí, Ceará e Pernambuco é incerta. Por sua importância à epoca logo ficou conhecido como Arraial* da Feira e seus moradores trataram de galgar a condição de vila.
O documento mais antigo que comprova este fato está no Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal, na Torre do Tombo, em Lisboa. Trata-se de comunicação formal do governador-geral do Maranhão, Luis de Vasconcelos Lobo, informando à coroa portuguesa que recebera dos moradores da ribeira do Itapecuru o pedido de confirmação de vila e que após análise achou por bem dar deferimento e encaminhar para decisão final.

Curioso é que a lista de moradores da povoação em anexo e seus mais de 100 citados tem data de 22 de Setembro do mesmo ano (1751), levou dois meses após finalizada até chegar às mãos do governador para despacho. Nela é possível ver quais famílias foram as pioneiras no desbravamento desta região, é possível perceber a existência de escravos alforriados ganhando a vida como microempresários e autônomos.

Mesmo com parecer favorável do governador, o rei de Portugal, D. José, ignorou a solicitação e não concedeu foral de vila como almejado. Esta condição só viria a ser atendida em 20 de Outubro de 1818., quando em evento solene na Praça da Cruz, centro da povoação, foi lida provisão régea de 07 de Novembro de 1817 criando a Vila do Itapecuru Mirim; empossados Alcaide-Mor (prefeito), juízes, vereadores e entregues os prédios da cadeia e de oficinas (hoje Casa da Cultura prof João Silveira).
Esta é a data da emancipação política, a partir de então o que antes era apenas povoação dada ao comércio de gado passa a ser um centro administrativo, a vila (cidade à epoca) passa a existir. Os méritos pela fundação de Itapecuru Mirim devem ser creditados a José Gonçalves da Silva, O Barateiro, maior comerciante maranhense de então. Dele foi toda a articulação política junto ao príncipe regente para que D. João concedesse o foral. Além de (primeiro) Alcaide-Mor é o fundador da vila.
Em 21 de Julho de 1870 é expedida a Lei Provincial n° 919 que eleva a vila à condição de cidade. Assim, esta data nada tem a ver com fundação e nem com emancipação política. É um equívoco histórico exaltá-la como tal.
*Antigo lugarejo, povoação provisória, temporária.
Pequisa e texto: Alberto Junior

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