Líderes religiosos de matrizes africanas fizeram ato, em Brasília, nesta segunda-feira (28). Eles criticam 'racismo religioso' e cobram punição para policiais que invadiram terreiros durante caçada a foragido encontrado e morto em Goiás.
O grupo pede punição aos policiais que, segundo eles, agiram com truculência, apontaram armas e depredaram altares nos terreiros, por suspeita de que Lázaro poderia nos espaços religiosos em Águas Lindas, Girassol, Cocalzinho e Edilândia, no Estado de Goiás. Os religiosos registraram ocorrência policial por conta dos casos.
"Só no dia 19 [ de junho] foram cinco investidas da polícia. Nós estávamos com medo do foragido e medo da polícia. Pularam nossos muros, fizeram inquisição religiosa. Peguntaram: Qual é o seu santo, seu santo é do bem?", contou Tatá Ngunzetala, líder afro tradicional do Candomblé Angola-Congo e Umbanda.
O G1 procurou a Secretaria de Segurança de Goiás, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Audiência Pública
Durante a tarde desta segunda-feira, uma audiência pública virtual da Câmara dos Deputados debateu as agressões e os atos da polícia nos terreiros de Goiás. A audiência foi coordenada pela Comissão de Cultura da Casa e teve a participação de deputados distritais do DF e deputados federais, além dos líderes religiosos.
"Quando começam a discutir as nossas práticas, como se elas estivessem associadas ao crime, aí o Estado nos violou. Quando o Estado faz, sob a mira de fuzil, uma liderança abrir todos os quartos de santo, toma seu celular, vasculhar a sua intimidade, isso é uma busca e precisa de mandado [judicial] de qualquer coisa que vincule ou do que está sendo buscado", diz Tatá Ngunzetala.
O Pai Ricardo de Oxóssi, da liderança tradicional de matriz africana, disse que "ninguém, em nenhum momento, foi contra as buscas a Lázaro naquela região". O protesto é "pela forma como a polícia entrou nas casas".
Os religiosos afirmam que as forças de segurança tentaram vincular as condutas criminosas de Lázaro Barbosa a supostos "rituais satânicos" que não existem nas casas de matriz africana. "Prezamos pela vida, pelo bem estar. As casas de matriz africana acolhem a todos, mas não acolhemos a tudo", disse Pai Ricardo de Oxóssi, durante a audiência pública.
"Tivemos casos de pessoas que foram surradas pela polícia, que é o caso do caseiro do pai André e pasmem, um homem que tem uma deficiência vocal", diz Pai Ricardo de Oxóssi (veja vídeo abaixo).
Pai André de Yemanjá denuncia truculência de policiais durante buscas por Lázaro Barbosa
Ao todo, o grupo contou, pelo menos 10 casas religiosas invadidas durante a "caçada" a Lázaro. Os líderes religiosos pedem que os policiais que agiram com truculência sejam identificados e punidos, além de que seja feito um trabalho de capacitação das forças de segurança para que elas hajam "com o devido respeito a diversidade religiosa e liberdade de credo".
"É importante que a polícia seja preparada pra esse tipo de abordagem, dentro das casas de matriz africana. Entender o contexto histórico sem ser violenta", diz Pai Ricardo de Oxóssi.
"Os intolerantes daqui a pouco vão começar a atear fogo nos terreiros. O nosso povo já é perseguido demais. Já chega de racismo religioso", destacou Adna Santos, também conhecida como mãe Baiana. A líder religiosa é também Coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa, da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial do Distrito Federal (SUBDHIR/Sejus).
Roda de Candomblé na praça Marielle Franco, no DF contra o racismo religioso durante perseguição a Lázaro Barbosa
O grupo pede punição aos policiais que, segundo eles, agiram com truculência, apontaram armas e depredaram altares nos terreiros, por suspeita de que Lázaro poderia nos espaços religiosos em Águas Lindas, Girassol, Cocalzinho e Edilândia, no Estado de Goiás. Os religiosos registraram ocorrência policial por conta dos casos.
"Só no dia 19 [ de junho] foram cinco investidas da polícia. Nós estávamos com medo do foragido e medo da polícia. Pularam nossos muros, fizeram inquisição religiosa. Peguntaram: Qual é o seu santo, seu santo é do bem?", contou Tatá Ngunzetala, líder afro tradicional do Candomblé Angola-Congo e Umbanda.
O G1 procurou a Secretaria de Segurança de Goiás, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Audiência Pública
Durante a tarde desta segunda-feira, uma audiência pública virtual da Câmara dos Deputados debateu as agressões e os atos da polícia nos terreiros de Goiás. A audiência foi coordenada pela Comissão de Cultura da Casa e teve a participação de deputados distritais do DF e deputados federais, além dos líderes religiosos.
"Quando começam a discutir as nossas práticas, como se elas estivessem associadas ao crime, aí o Estado nos violou. Quando o Estado faz, sob a mira de fuzil, uma liderança abrir todos os quartos de santo, toma seu celular, vasculhar a sua intimidade, isso é uma busca e precisa de mandado [judicial] de qualquer coisa que vincule ou do que está sendo buscado", diz Tatá Ngunzetala.
O Pai Ricardo de Oxóssi, da liderança tradicional de matriz africana, disse que "ninguém, em nenhum momento, foi contra as buscas a Lázaro naquela região". O protesto é "pela forma como a polícia entrou nas casas".
Os religiosos afirmam que as forças de segurança tentaram vincular as condutas criminosas de Lázaro Barbosa a supostos "rituais satânicos" que não existem nas casas de matriz africana. "Prezamos pela vida, pelo bem estar. As casas de matriz africana acolhem a todos, mas não acolhemos a tudo", disse Pai Ricardo de Oxóssi, durante a audiência pública.
"Tivemos casos de pessoas que foram surradas pela polícia, que é o caso do caseiro do pai André e pasmem, um homem que tem uma deficiência vocal", diz Pai Ricardo de Oxóssi (veja vídeo abaixo).
Pai André de Yemanjá denuncia truculência de policiais durante buscas por Lázaro Barbosa
Ao todo, o grupo contou, pelo menos 10 casas religiosas invadidas durante a "caçada" a Lázaro. Os líderes religiosos pedem que os policiais que agiram com truculência sejam identificados e punidos, além de que seja feito um trabalho de capacitação das forças de segurança para que elas hajam "com o devido respeito a diversidade religiosa e liberdade de credo".
"É importante que a polícia seja preparada pra esse tipo de abordagem, dentro das casas de matriz africana. Entender o contexto histórico sem ser violenta", diz Pai Ricardo de Oxóssi.
"Os intolerantes daqui a pouco vão começar a atear fogo nos terreiros. O nosso povo já é perseguido demais. Já chega de racismo religioso", destacou Adna Santos, também conhecida como mãe Baiana. A líder religiosa é também Coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa, da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial do Distrito Federal (SUBDHIR/Sejus).
Fonte: G1 Globo.
Disponível em:
Acesso:30 de junho de 2021.
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