Pela primeira vez, uma
Feira da Agricultura Familiar e Agrotecnologia do Maranhão (Agritec) leva para
a vitrine tecnológica do evento a galinha nativa “Canela-Preta”, como forma de
resgatar essa raça no Maranhão.
A reintrodução das aves
“Canela-Preta” está sendo realizada por meio do projeto “Produtores do Futuro”,
desenvolvido pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) junto com instituições
de pesquisas, como a Embrapa Meio Norte e escolas agrícolas.
No Maranhão, nos
municípios de Timon, Codó, Alto Alegre e Itapecuru-Mirim, uma parceria entre o
Governo do Estado, por meio do Sistema da Agricultura Familiar, com a UFPI, está
desenvolvendo o projeto que busca resgatar a criação da galinha geneticamente
de raça pura.
A raça de galinha
caipira “Canela-Preta” é caracterizada por possuir tarso e falanges de
coloração preta, corpo predominantemente preto e possuidoras de uma carne de
coloração mais escura, se comparado com as demais galinhas caipiras
brasileiras.
Para o presidente da
Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp), Júlio César
Mendonça, a Agritec Grajaú deu oportunidade aos agricultores de conhecer esta
raça de ave como uma alternativa de criação devido à pouca dependência de
insumos externos.
“Os agricultores
conhecem essas galinhas, mas que ficaram perdidas no tempo e queremos
resgatá-las no Maranhão,” enfatizou o presidente da Agerp, Júlio César
Mendonça.
De acordo com a pesquisadora
da UFPI, Débora Carvalho, essas galinhas de raça “Canela-Preta”, também
conhecidas como “jacú”, são nativas do Nordeste e o projeto está sendo aplicado
no Piauí e agora no Maranhão. O estado piauiense, conforme Débora, possui 21
municípios trabalhando com esta raça.
“Essas aves existem no
Maranhão, mas mestiçadas com outras raças de aves. E nós estamos trabalhando
para trazer de volta estas aves de material purificado para seus estados de
origem”, disse Debora Carvalho.
O projeto é implantado
para famílias que possuem aptidão a este tipo de atividade e ainda é desenvolvido
nas escolas agrícolas dos municípios como didática para o ensino e para nucleação
das aves para a região.
O jovem Darlan Alves,
técnico agropecuário e um dos maiores produtores de aves “Canela-Preta” do
Piauí, esteve na Agritec para contribuir com a transferência de conhecimento e
tecnologia sobre a criação dessa raça.
“Eu comecei com 20
pintos o projeto e hoje possuo 140 matrizes e comercializo para aqueles que
pretendem começar a criar esta ave. Uma das vantagens da “Canela-Preta” é por
ela não depender de insumos, ou seja, precisam apenas de alimentação à campo,
suplementada somente com milho no início e ao final do dia, ” destacou Darlan
Alves.
A reintrodução dessas
aves no Maranhão é uma alternativa viável para os agricultores familiares por
ser de fácil manejo e com valor comercial agregado de comercialização por ser
uma raça pura geneticamente.
No município de Timon,
na comunidade Buritizinho, uma família foi beneficiada há três meses com o
projeto das aves “Canela-Preta”. Segundo o gestor Regional da Agerp do
município, Aécio Borges, que presta assistência técnica no povoado, a família
de agricultores já desenvolvia a atividade de criação de aves e a Regional
levou a proposta para o projeto.
“A Região que envolve
Timon, Caxias e Codó possui um polo de restaurantes que consome galinha caipira
e o objetivo da Agerp é resgatar estas aves na Região e também abastecer o
mercado consumidor, e para isso estamos desenvolvendo pesquisa para saber o
real custo benefício da ave para comercialização, ” pontuou o gestor de Timon,
Aécio Borges.